Rio de Janeiro-RJ – O alto volume de atropelamentos nas capitais e nas cidades médias, em crescimento em 2025, não foge ao Observatório da Sociedade Brasileira Vida no Trânsito. A instituição quer apoio de laboratórios de pesquisas de universidades, para mapear os pontos mais propícios e com histórico de acidentes. O trabalho visa a descobrir e revelar detalhes e fatores causais em áreas urbanas, que compreendem complexos de moradias, tráfego e condições de vias, iluminação e sinalização, além das características de populações residentes e de visitantes.
O Líder Nacional da VT, Roberto Ruabela, em conjunto com Líderes Regionais e Locais, já está prestes a concluir a primeira de três etapas de um projeto para incluir prefeituras, responsáveis por adotar medidas localizadas, com vistas à redução imediata de acidentes em pontos vulneráveis, que independem de maior detalhamento.
A ideia central inclui duas intervenções de baixo custo e com vigência prevista de pelo menos dois anos, renováveis, denominadas como Área de Prevenção de Atropelamentos (APA), para vias urbanas; e Trecho de Valorização Humana (TVH), nas estradas, em proximidades de acessos ao perímetro urbano. Em ambos os casos, o motorista deve se sentir alertado sobre as condições daquele determinado ponto, para cumprir alguns requisitos de movimento.
Calçadas estreitas, com camelôs
Antes de levar as propostas de APAs e TVHs aos prefeitos, a Vida no Trânsito o submeterá a dois institutos de engenharia de tráfego; e fará uma consulta ao Contran (Conselho Nacional de Trânsito), a respeito da abordagem na via pública.
Ao anunciar o anteprojeto, Ruabela disse que são medidas pontuais de prevenção de acidentes, plenamente compatíveis com as determinações do Código de Trânsito e sem esbarrar em qualquer limitação legal em vigor. Portanto, “basta um esforço concentrado de prefeituras, DNIT, Denatran, Detrans e concessionárias, para conjugá-lo com a expectativa e necessidades da sociedade que queremos organizar”, ressaltou.
Ruabela também adiantou que há vários anos, até a pandemia, portanto com uma frota menor e até então mais nova de veículos em circulação, a Vida no Trânsito constatou que o ambiente urbano não previa reforço de prevenção em áreas troncais de modais de transporte. “Hoje, o problema é mais visível. Por exemplo, na saída de muitas estações de trem, que têm calçadas mínimas e desleixadas, com acesso a faixas de pedestres estreitas e sem a devida manutenção na via de tráfego, onde ônibus e caminhões passam a até meio metro das pessoas. Por várias vezes, durante o dia, em especial nos horários de rush, um grupo numeroso e ansioso de trabalhadores e estudantes se aglomera e sofre ameaça. Quando anoitece, a iluminação se mostra precária e, não raro, o usuário disputa espaço com barracas de camelôs, que muitos governos municipais toleram, em um modelo caótico da estrutura urbana”. Levantamentos de pontos críticos de atropelamentos, que produzem afastamento do trabalho e em muitos casos incapacitação permanente e óbitos, também mostram que os gargalos nas cidades não se restringem à confluência de entrada e saída de terminais de transportes. O problema também se verifica em acessos a hospitais, supermercados e até casas de show, todos com funcionamento liberado sem levar em conta as condições preventivas.